MARIA GRAHAM Vista do Corcovado; 1821/1825
THOMAS ENDER Cercanias de Botafogo; 1817/1818
JEAN BAPTISTE DEBRET Café; 1823
JAMES L. POOLE Vista do Rio de Janeiro, com Praia de Botafogo e Corcovado; s/d
THOMAS ENDER Fábrica de Pólvora; 1817/1818
“(...) a mais bela vista dos arredores do Rio, cidade tão rica em belezas naturais”. MARIA GRAHAM
A partir de 1808 e da permanência da Corte Portuguesa, o vasto território brasileiro, e principalmente a cidade do Rio de Janeiro, passou a aguçar a curiosidade dos ingleses, franceses, alemães, austríacos, ou seja, dos europeus em geral, interessados pelo conhecimento da natureza tropical-brasileira. A curiosidade do europeu pela fauna, flora e pelos hábitos dos moradores do Novo Mundo trouxe muitos pintores-viajantes e cronistas-viajantes que pintaram e escreveram sobre o Rio de Janeiro, e principalmente a respeito do bairro de Botafogo. A riqueza e beleza tropical da América, tão decantada e divulgada na Europa, passava então a atrair os europeus in loco, pois todos queriam conhecer de perto esta geografia natural que tanto instigava o seu imaginário. Botafogo foi motivo de inspiração de muitos destes pintores que aqui estiveram entre os anos de 1808 a 1850. Muitas vistas ou cenas do cotidiano de Botafogo estão retratadas, em diversas técnicas, pelos artistas europeus que após a permanência da corte portuguesa no Brasil se sentiram estimulados a vir e ficar.
“Aliás, é natural que, numa cidade de tanta importância marítima e comercial, se achem reunidos habitantes de todas as regiões e países do mundo civilizado. Os mais numerosos entre eles são os antigos aliados de Portugal, os ingleses. Aos franceses, com os quais têm afinidade de religião. Os alemães têm boa fama de probidade. Vêem-se também com freqüência, italianos, espanhóis, holandeses e até suíços. Como os nossos ferrosvelhos judeus, que fazem pequenos negócios, aqui os chineses percorrem as ruas do Rio. Surpreenderam-me os ciganos, têm costumes e modo de vida inteiramente iguais aos dos nossos”. JOHANN EMANUEL POHL. Viagem no interior do Brasil empreendida nos anos de 1817 à 1821; p.42 e 43
“Provavelmente nenhuma outra cidade do mundo poderá ser comparada ao Rio de Janeiro na variedade, beleza e interesse que despertam os aspectos de seus arredores. A baía semicircular de Botafogo e a cadeia de montanhas que a circunda constituem uma dos quadros mais extraordinários que se podem contemplar na natureza. À direita, o Corcovado eleva seu cume altaneiro sobre tudo que lhe fica em redor; à esquerda, fica o Pão de Açúcar famoso. (...) Na base do Pão de Açúcar fica a Praia Vermelha, região bastante fértil cujo nome provém da cor da terra”.
DANIEL P. KIDDER. (1815-1891), Reminiscências de viagens e permanência no Brasil. Rio de Janeiro e Província de São Paulo (1837-1840); p.117
“De todos os dias da semana quem, na Inglaterra, suporia que o domingo seria o favorito para esse divertimento? Aqui, entretanto, esta bem cedo, estavam sendo feitos preparativos para uma corrida de cavalos , e a arenosa praia de Botafogo tornou-se, um cenário animado. Antes da 8 horas, o imperador e a imperatriz já estavam no local,(...), e o posto de chegada, onde estavam reunidas todas as classes do povo. O almirante tinha um café da manhã preparado para os que chegaram, entre os quais estavam Mrs. Chamberlain, Mrs. Graham, Sir Charles Stuart e Lord Marcus Hill”.(31 de julho,1825)
GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.15 e 16
“(...) Os europeus não estavam acostumados à vida num país tropical, estranham muita coisa, especialmente aquela época de regime escravocrata. O que mais desagrada aos estrangeiros era a promiscuidade dessa população preta, sempre alegre, desinibida e barulhenta; o mau estado das ruas e das estradas, a sujeira e o mau cheiro”. GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.22
“Percorrendo as ruas fica-se espantado com a prodigiosa quantidade de negros, perambulando seminus e que executam os trabalhos mais penosos e servem de carregadores”. No entanto, “(...) os sábios naturalistas concordam em que o negro é uma espécie a parte da raça humana e destinada, pela sua apatia, à escravidão(...)” JEAN BAPTISTE DEBRET. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. (1816 - 1831); p.126 e 204
“Logo lembra ao viajante que ele sê acha numa parte estranha do mundo, é sobretudo a turba variegada de negros e mulatos, a classe operária com que ele topa por toda a parte, assim que põe o pé em terra. Este aspecto foi-nos mais de espanto do que de agrado”.
SPIX e MARTIUS. Viagem pelo Brasil (1817-1820); p.46