JOAQUIM CÂNDIDO GUILLOBEL Fiel retrato do interior de uma casa brasileira; 1814/1816
JEAN BAPTISTE DEBRET Interior de uma casa de ciganos; 1823
AUGUSTUS EARLE Vista da planície de Botafogo; 1832
THOMAS ENDER Comércio de água no Rio de Janeiro; 1817/1818
JOAQUIM CÂNDIDO GUILLOBEL Figuras Populares do Rio de Janeiro; s/d
JEAN BAPTISTE DEBRET Entrudo; 1823
WILLIAM JOHN BURCHELL Oratório na esquina de uma rua; s/d
“(...) é natural que, numa cidade de tanta importância marítima e comercial, se achem reunidos habitantes de todas as regiões e países do mundo civilizado”. JOHANN EMANUEL POHL
Depois da abertura dos portos para as nações amigas, verificou-se uma considerável imigração de Europeus para o Brasil, estimulados com as mudanças políticas propiciadas por Dom João (príncipe regente). O europeu oitocentista foi posto a se deparar com um estranhamento social muito especial, confrontando-se de súbito com a sociedade colonial-escravocrata Fluminense, que expunha novos tipos étnicos e sociais representados por uma variedade de profissões e de estatutos sociais, como o mercador de escravos ou o Senhor. Segundo os cronistas viajantes europeus, era constante a presença do negro, e, no dizer de um deles, era praticamente impossível circular pela cidade sem “tropeçar” neles. O Rio de Janeiro, e alguns de seus bairros como Botafogo, passaram a proporcionar aos viajantes europeus um universo de amplos espaços geográficos e de natureza exuberante. O bairro de Botafogo e seu panorama serviram como inspiração temática constante, sendo o cenário apropriado para que seres humanos de diferentes etnias, estratos sociais e profissões surgissem aqui e ali. Nas imagens de Botafogo é retratada a presença constante do homem negro, no seu trabalho e na sua vida cotidiana. Carroças, bois e cavalos eram os meios de transporte da época que surgem nestas “despretensiosas” cenas do cotidiano de Botafogo.
“Aliás, é natural que, numa cidade de tanta importância marítima e comercial, se achem reunidos habitantes de todas as regiões e países do mundo civilizado. Os mais numerosos entre eles são os antigos aliados de Portugal, os ingleses. Aos franceses, com os quais têm afinidade de religião. Os alemães têm boa fama de probidade. Vêem-se também com freqüência, italianos, espanhóis, holandeses e até suíços. Como os nossos ferrosvelhos judeus, que fazem pequenos negócios, aqui os chineses percorrem as ruas do Rio. Surpreenderam-me os ciganos, têm costumes e modo de vida inteiramente iguais aos dos nossos”. JOHANN EMANUEL POHL. Viagem no interior do Brasil empreendida nos anos de 1817 à 1821; p.42 e 43
“O negro progride de um estado inferior ao de um animal de carga para o de militar e é tão capaz de ser disciplinado e de se aperfeiçoar quanto os seres humanos de outras raças. Nossa atenção voltou-se depois para alguns homens e mulheres negros que carregavam uma variedade de artigos para vender, alguns dentro de cestos e outros em tabuleiros e caixas levados sobre suas cabeças. A grande maioria vendia como vendedores ambulantes”.
ROBERT WALSH. Notícias do Brasil (1828-1829); p.72
“De todos os dias da semana quem, na Inglaterra, suporia que o domingo seria o favorito para esse divertimento? Aqui, entretanto, esta bem cedo, estavam sendo feitos preparativos para uma corrida de cavalos , e a arenosa praia de Botafogo tornou-se, um cenário animado. Antes da 8 horas, o imperador e a imperatriz já estavam no local,(...), e o posto de chegada, onde estavam reunidas todas as classes do povo. O almirante tinha um café da manhã preparado para os que chegaram, entre os quais estavam Mrs. Chamberlain, Mrs. Graham, Sir Charles Stuart e Lord Marcus Hill”.(31 de julho,1825)
GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.15 e 16
“(...) Os europeus não estavam acostumados à vida num país tropical, estranham muita coisa, especialmente aquela época de regime escravocrata. O que mais desagrada aos estrangeiros era a promiscuidade dessa população preta, sempre alegre, desinibida e barulhenta; o mau estado das ruas e das estradas, a sujeira e o mau cheiro”. GRAHAM EDEN HAMOND. Os Diários do Almirante Graham Eden Hamond. 1825-1834/38; p.22
“Percorrendo as ruas fica-se espantado com a prodigiosa quantidade de negros, perambulando seminus e que executam os trabalhos mais penosos e servem de carregadores”. No entanto, “(...) os sábios naturalistas concordam em que o negro é uma espécie a parte da raça humana e destinada, pela sua apatia, à escravidão(...)” JEAN BAPTISTE DEBRET. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. (1816 - 1831); p.126 e 204
“Logo lembra ao viajante que ele sê acha numa parte estranha do mundo, é sobretudo a turba variegada de negros e mulatos, a classe operária com que ele topa por toda a parte, assim que põe o pé em terra. Este aspecto foi-nos mais de espanto do que de agrado”.
SPIX e MARTIUS. Viagem pelo Brasil (1817-1820); p.46