Abaixo você encontra palestras apresentadas no ciclo Memória & Informação, dedicado à divulgação de estudos e pesquisas nas áreas de preservação, tratamento e difusão de bens culturais. Este ciclo é promovido quinzenalmente pela Fundação Casa de Rui Barbosa, de março a dezembro.
:: "Atuação do BNDES na área cultural e sua contribuição para a preservação da memória nacional" (pdf, 0.98 MB), Luciane Gorgulho (chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES), 19 de março
Atuando por meio das leis de patrocínio desde 1997 e com recursos próprios desde 2008, o BNDES é hoje o maior apoiador do patrimônio histórico brasileiro e da preservação dos acervos memoriais no Brasil, com mais de R$ 400 milhões aplicados. A palestra aborda o histórico de atuação do BNDES no setor e sua contribuição para a preservação da memória nacional.
:: "Os Jardins da Quinta da Boa Vista", Jeanne Trindade (Arquiteta-urbanista, especialista em Planejamento Ambiental e Paisagístico, Mestre em Arquitetura e Doutora em Urbanismo), 2 de abril
A Quinta da Boa Vista é um dos poucos parques do País que testemunhou importantes etapas da vida política e social brasileira. Desde a instalação de D. João foi residência da família real e, com a República, tornou-se área pública. O paisagista Glaziou promoveu, em 1868, uma grande reforma que, junto com as intervenções ocorridas entre 1907 a 1910, definiram a forma atual. Na ocasião de seu tombamento, em 1938, a Quinta da Boa Vista possuía o tamanho de 938.853m² e atualmente, devido a diversas cessões do terreno, a área do parque público é de 378.000m2.
Esse espaço representa uma parte significativa da história brasileira e, nos últimos anos, não tem sido suficientemente valorizado pelos governantes nem pela própria população.
:: "Redes de sistemas memoriais: a redescoberta da colaboratividade" (pdf, 2.9 MB), Marcos Galindo (graduado em Biblioteconomia / 1984, mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco / 1994 e doutor em História pelo Departamento de Línguas e Cultura da América Latina da Leiden University Países Baixos / 2004), 16 de abril
A palestra discorreu sobre a criação, em 2007, da Rede Memorial de Pernambuco e a proposição de um modelo teórico que contemplasse a complexidade dos problemas de gestão e operação que atingiam as organizações dessa rede. Esse modelo, nomeado como "Sistemas Memoriais", se define como componente de um paradigma emergente, o qual encontra eco no trabalho intelectual de cientistas, pesquisadores e filósofos de vários campos.
:: "Patrimônio Arquivístico em museus: reflexões sobre seleção e priorização em conservação-restauração de documentos em suporte papel", Ozana Hannesch (Arquivista. Mestre em Museologia e Patrimônio / UNIRIO-2013 e Especialista em Conservação de Bens Culturais Móveis / UFRJ-1992), 30 de abril
O estudo buscou traçar o percurso do patrimônio arquivístico no tempo, focando nas políticas e ações de proteção e de conservação de documentos em suporte papel. Tem por especificidade realizar uma leitura sobre o conceito de acervos arquivísticos em museus e analisar duas ferramentas de seleção e priorização de documentos, com vistas ao estabelecimento de procedimentos para sua conservação-restauração, tendo como caso de estudo o Arquivo do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil.
:: "A coleção de obras de arte no Arquivo Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa - RJ", Ellen Marianne Röpke Ferrando (É formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde - COC / Fiocruz), 14 de maio
Procurado por pesquisadores pelo vasto material sobre literatura brasileira, o Arquivo Museu de Literatura Brasileira (AMLB) é ainda pouco conhecido pela sua coleção de obras de arte espalhadas em diversos arquivos de escritores. O acervo artístico do AMLB, composto majoritariamente por obras do século XX e em sua maioria modernas, encontra sua variedade nas diferentes técnicas e materiais utilizados tanto por artistas nacionais quanto internacionais, como também pelos próprios escritores. Esta variada coleção dá-se principalmente pela existência de proximidade entre as artes plásticas e as artes literárias da época. O trabalho realizado junto a este acervo tem como um dos propósitos trazer à luz uma vasta coleção de arte ainda pouco divulgada, possibilitando ao público um novo foco de interesse e pesquisa em uma instituição que é mais conhecida por seu acervo bibliográfico e documental do que por sua coleção artística.
:: "Marcos teóricos da Arquivologia: algumas considerações", Clarissa Schmidt (professora Adjunta no Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense - UFF. Doutora em Ciência da Informação / 2012, pelo Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo/ECA-USP), 28 de maio
Na Arquivologia tornou-se lugar comum a afirmação de que a década de 1980 representa o início de sua "crise de identidade" ou "da mudança de paradigmas". Desde então, assistimos o desenvolvimento de abordagens que a pensam como "Pós-moderna" e/ou "Pós-custodial", por exemplo, frente às abordagens consideradas "Tradicionais" e/ou "Custodiais". Assim, pretende-se dialogar sobre estas diferentes perspectivas, chamando atenção para circunstancias ou fatores que contribuíram para consolidação e crítica de determinados aportes teóricos.
:: "O Emprego da química na conservação de acervo documental em suporte papel" (pdf, 1.69 MB), Antonio Gonçalves da Silva (graduado em Engenharia Química pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro no ano de 1984, mestre em Ciência Florestal na área de concentração de Tecnologia da Madeira, no campo de celulose e papel, pela Universidade Federal de Viçosa e presidente da Câmara Técnica de Conservação de Documentos do Conselho Nacional de Arquivos-CONARQ), 11 de junho
Descrever o emprego da química na restauração e na conservação de acervo documental em suporte papel.
:: "O Historiador, o Livro Raro e a Internet: novo olhar sobre a pesquisa" (pdf, 1.12 MB), Valeria Gauz (bibliotecária de Livros Raros desde 1982, mestra e doutora em Ciência da Informação pelo IBICT e trabalha no Museu da República), 16 de julho
O uso de livros raros digitalizados por historiadores de Brasil colonial é estudado sob a ótica da Ciência da Informação (CI), como parte do processo de comunicação científica desses profissionais. São, igualmente, observadas as "duas culturas" envolvidas em tal abordagem – as Ciências Naturais (objeto frequente de estudo da CI) e as Humanas (onde se inserem os historiadores). Os resultados da pesquisa demonstram, entre outros, que esse historiador faz uso de tecnologias, encontra mais barreiras no uso de livros raros impressos do que no uso de livros raros digitalizados na internet e que pode haver ameaça na soberania da monografia impressa como principal instrumento de disseminação da informação na área.
:: "Repositório Institucional: itinerário da pesquisa à gestão" (pdf, 1.14 MB), Maria Cristina Soares Guimarães (doutora em Ciência da Informação e pesquisadora em saúde pública do Icict / Fiocruz. Sua trajetória de pesquisa está vinculada à política de C&T e à relação entre ciência e sociedade), 30 de julho
O desenvolvimento e implantação do repositório institucional ARCA na Fundação Oswaldo Cruz é tomado como exemplo para apresentar e discutir os (des)caminhos vivenciados na trajetória entre a pesquisa e a institucionalização de uma estratégia comprometida com o compromisso social da ciência. O aprendizado e os desafios que se impõem para o futuro.
:: "Publicação ampliada para integração semântica de documentos técnicos-científicos e dados de pesquisa", Luana Farias Sales Marques (doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do IBICT / UFRJ / 2011-2014. Mestre em Ciência da Informação pelo convênio UFF / IBICT / 2006, Graduação em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal Fluminense / 2003), 13 de agosto
A palestra é um relato da pesquisa de tese de doutoramento intitulada "Publicações ampliadas para integração de documentos e dados de pesquisa". Esta pesquisa se desenrola sob as condições de um paradigma científico emergente, conhecido como eScience. Essa nova forma de fazer ciência se distingue pelo uso determinante de tecnologias de simulação e do avanço da instrumentação científica, revelado pelo uso intensivo de redes de computadores, repositórios digitais distribuídos e pela grande geração de dados de pesquisa. Consequentemente, essa nova forma de fazer ciência impacta sensivelmente as formas de comunicação científica principalmente no que tange as novas formas de compartilhamento, disseminação e reuso de recursos informacionais.
:: "Preservação de Plantas Arquitetônicas" (pdf, 4.18 MB), Ana Paula Correa de Carvalho (doutoranda no programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro PPG-PMUS / UniRio / 2013. Mestre em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UniRio / 2011), 27 de agosto
Aborda a preservação de plantas arquitetônicas. Os acervos de documentação arquitetônica são uma fonte de consulta frequente e têm sua importância reconhecida. Na prática, devido às suas especificidades, tais como as dimensões, os diferentes suportes e técnicas de produção, torna-se difícil a sua guarda e preservação de forma adequada. Por outro lado, a conservação inadequada, também resulta em perdas ou danos, dificultando a utilização dessa massa documental na produção de novos conhecimentos.
:: "Eletricidade para fins de iluminação: difusão e apropriação no início do século XX dessa inovação tecnológica", Helena Lacé (professora adjunta da Escola de Belas Artes da UFRJ, doutora /2009 - bolsa CNPq e mestre/2003 em Ciências em Arquitetura pelo PROARQ - Programa de Pós-graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, unidade onde, atualmente, atua como pesquisadora, 10 de setembro
O trabalho salienta as iniciativas para a difusão e apropriação da eletricidade para fins de iluminação nos espaços internos das residências cariocas no início do século XX, frente aos desafios em termos de adequação e aceitação dessa nova tecnologia que impactou o modo de vida doméstico e os hábitos de moradia das pessoas. Os canais de comunicação da época revelam certa ressalva por parte da população em usufruir da luz elétrica, o que levou à criação do Lighting Service Bureau, à inauguração do Instituto Brasileiro sobre Iluminação, e ao surgimento da coluna semanal Illuminação Moderna, entre outras publicações especializadas, para orientar o publico leigo, como também os profissionais da área, sobre como aproveitar a luz elétrica nas residências.
:: "Diagnóstico para a Conservação e Restauro das Fachadas e dos Sistemas de Águas Pluviais no Museu Paulista", Antonio Sarasá (Conservador-Restaurador, idealizador e coordenador da Zeladoria do Patrimônio. Membro da ABRACOR e da APCR participou da elaboração do Código de Ética do Conservador-Restaurador. Atua nas áreas de consultoria, projetos, obras, educação patrimonial e pesquisa no Estúdio Sarasá. Cultua a tradição familiar da Catalunha, referência na produção artística nos ofícios de azulejaria e vitrais), 24 de setembro
Apresentação acerca dos trabalhos de Diagnóstico para a Conservação e Restauro das Fachadas e dos Sistemas de Águas Pluviais no Museu Paulista, realizados pelo Estúdio Sarasá à SEF USP-Equipe de Projetos, a leitura empreendida ao projeto e os métodos utilizados. Explanação da Zeladoria do Patrimônio, ferramenta de preservação que radia políticas pautadas na simplicidade de ações à perpetuação da significância e conservação dos legados históricos culturais e da memória. A temática correlaciona-se à prevenção e salvaguarda das estruturas e histórias de um bem, das manifestações artísticas, do intangível e da cultura. Será abordada a conservação preventiva, a atribuição de valores ao patrimônio, o pertencimento, a tecnicidade e o empoderamento.
:: "O Conservador-Restaurador de Bens Culturais na Administração Pública Brasileira: uma abordagem historiográfica" (pdf, 4.91 MB), Aloisio Arnaldo Nunes de Castro (restaurador do Museu de Arte Murilo Mendes - Universidade Federal de Juiz de Fora, mestre em História pela UFJF e Doutor em Artes pela EBA da UFMG), 08 de outubro
Esta pesquisa aborda o processo da construção cultural do profissional da conservação-restauração de bens culturais na carreira da Administração Pública Brasileira, abrangendo o recorte cronológico de 1885 até os anos de 1980. Com vistas à compreensão epistemológica desse profissional, analisa-se a contextualização histórica, o perfil conceitual, o processo de desenvolvimento semântico da profissão, os saberes profissionais, bem como as narrativas e as práticas preservacionistas que moldaram a sua atuação no espaço social brasileiro. Ao priorizar o Conservador-Restaurador de Bens Culturais – ator social – como foco de análise, enveredou-se por uma pesquisa que busca aprofundar o campo de reflexões e discussões relativas à sociogênese da profissão e à construção do pensamento preservacionista brasileiro.
:: "Pesquisa, planejamento e mediação: a experiência dos turismólogos no Museu Casa de Rui Barbosa", Gabriel Xavier Ludolf Schwantes (turismólogo UFF e consultor em turismo para o Projeto Jurujuba – SEDRAP/RJ); João Alcântara de Freitas (doutorando CPDOC/FGV, turismólogo UFF e professor do curso de turismo na UFJF); Renata Garanito de Abreu (mestre EBAPE/FGV, turismóloga UFF, pesquisadora nas áreas de patrimônio cultural, terceira idade, comportamento do consumidor); Rômulo Duarte Silva de Oliveira (turismólogo UFF e supervisor de pesquisa no Observatório do Turismo – Faculdade de Turismo e Hotelaria/UFF); Tatiane de Freitas Cordeiro (turismóloga UFMG e pesquisadora nas áreas sistemas de informação turística, cultura e relações internacionais); Thaís Costa da Silva (mestranda CPDOC/FGV, turismóloga UniRio e professora do curso de turismo na FACHA), 22 de outubro
Apresentação do "Projeto Museu-Casa de Rui Barbosa: estabelecendo relações com turistas nacionais e internacionais" inserido no Programa de Incentivo à Produção do Conhecimento Técnico e Científico na Área da Cultura. A percepção do museu também como um lugar turístico remete a uma discussão sobre as relações de afeto que vigoram no acolhimento dos visitantes, assim como a disseminação da história e cultura locais, pressuposto fundamental na prática da atividade turística. Nesta perspectiva, se desenvolve o projeto, envolvendo seis pesquisadores turismólogos, tendo como um dos objetivos despertar para a importância das pesquisas e do planejamento para o desenvolvimento do turismo em instituições culturais. O projeto contemplará cinco subprojetos – pesquisa de perfil de público; elaboração de novos roteiros; qualificação dos espaços visitados; plano de marketing e produção científica – fundamentais à potencialização da visitação ao Museu-Casa de Rui Barbosa.
:: "História da encadernação e restauração de acervos bibliográficos: estatutos simbólicos e práticas escriturárias", Ana Utsch (UFMG), 19 de novembro
Ao nos interessarmos pelas práticas escriturárias que formalizaram os primeiros discursos que compõem o corpus textual da história da encadernação, identificamos a instabilidade dos estatutos simbólicos atribuídos aos documentos gráficos e aos seus modos de produção e salvaguarda, nas suas dimensões textuais e materiais. Tais práticas de escrita, constituídas sob o signo do artesanato e do iletrismo, marcaram uma forte distinção hierárquica entre prática e teoria, consolidando discursos e representações socioprofissionais que migraram para o universo da conservação-restauração de documentos gráficos. Dessa forma, além de analisar, através de documentos e estudos de caso, as origens desta herança socioprofissional, a presente conferência apresentará os resultados de um trabalho de pesquisa que tenta efetivar o diálogo estabelecido entre prática e teoria.
Publicada em 27/03/2014
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