POETAS DE CORDEL: PRIMEIRA E SEGUNDA GERAÇÃO

Os poetas aqui biografados se encontram classificados em dois grupos: poetas pioneiros e poetas da segunda geração. Do primeiro constam os poetas nascidos na segunda metade do século XIX e cujo ingresso na atividade do cordel ocorreu entre 1893 (ano em que se inicia a produção em série de folhetos) e 1930. Ao segundo grupo pertencem os poetas que nasceram no início do século XX e entraram para o universo da literatura de cordel em uma época em que a maior parte dos representantes da primeira geração já havia morrido e a rede de produção e distribuição de folhetos já estava estabelecida.

Com tipografias imprimindo folhetos em várias cidades e vendedores ambulantes espalhados por todas as partes do território nordestino, os poetas pioneiros conseguiram, ao longo das quatro primeiras décadas de existência da literatura de folhetos, levar sua produção até os pontos mais remotos da região Nordeste conquistando um público específico e cada vez mais amplo para essa literatura (denominada de cordel apenas a partir da década de 1960).

Ao longo deste tempo, além de mudanças temáticas o cordel passa também por várias transformações no plano da forma. Nas capas, anteriormente ilustradas com clichês utilizados em jornais e revistas, passa-se a empregar cartões postais, fotografias de artistas de cinema, desenhos e xilogravuras. Outros elementos tomados de empréstimo da imprensa escrita foram abandonados como, por exemplo, a divisão, seguindo o estilo dos folhetins, de uma mesma história em três diferentes folhetos. As histórias, por sua vez, diminuem de tamanho passando a predominar os folhetos de 8 ou 16 páginas sobre os de 32 ou 64 páginas.

As mudanças correspondem a um processo de barateamento e de popularização do folheto que teve sua época áurea entre 1930 e 1960. A partir daí, com a concorrência do rádio e da televisão, verifica-se um retraimento do público. Nesse quadro, a segunda geração, formada por poetas nascidos no início do século XX, começa a desaparecer. Os que estão vivos, contrariando as previsões que apontavam para a morte do cordel, continuam produzindo folhetos, atuando na formação dos novos poetas, enfim, abrindo espaço para a terceira geração ocupar os seus lugares.