PROCESSOS DA RESTAURAÇÃO - ETAPAS

1- Ficha de entrada: preenchida assim que o material dá entrada no laboratório, contém as informações sobre o documento, assim como sua procedência.

2- Ficha técnica: preenchida pelo técnico responsável pelo tratamento do Documento no laboratório. Nela constam dados de referência, procedência, anotações do estado de conservação e das características de deterioração do documento para tratamento. (foto abaixo, à esquerda)

Fichamento de entrada  Documentação dos originais para restauração

3- Documentação fotográfica: registro das condições em que o material dá entrada, testemunho do tratamento que a peça recebeu no laboratório, na saída. (foto acima, à direita)

Higienização dos originais para restauração4- Higienização: limpeza feita com trincha macia, seca, em todas as folhas das publicações, e com pó de borracha, quando possível, em algumas das capas. O bisturi é utilizado muito delicadamente, para a remoção das sujidades mais superficiais. (foto à direita)

5- Numeração: é necessária para que a nova montagem seja na mesma ordem do original.

6- Desmonte: no caso dos folhetos, foram feitas a retirada dos grampos metálicos e a soltura das folhas.

7- Testes químicos: pH, CaOH2 e H2O – a medição do pH tem como finalidade  quantificar o grau de acidez do documento, a fim de determinar o tipo de tratamento químico a ser feito. Os testes com água e hidróxido de cálcio verificam a solubilidade, a resistência ao banho, tanto dos pigmentos do suporte (por exemplo, as capas coloridas) como das tintas da impressão.

8-Tratamento químico específico: banhos de limpeza, para remoção de sujidades e acidez; desacidificação (com hidróxido de cálcio) e a reposição da cola (à base de metilcelulose, diluída a 1% em água). A desacidificação visa à remoção da acidez e a deixar pequena reserva alcalina no documento, prolongando, se guardadas em condições ideais, seu tempo de vida. (fotos abaixo)

Documentação dos originais para restauração Secagem do material para restauração

9- Reconstituição do suporte: a reconstituição dos folhetos exigiu a criação de programa próprio de fibras e tons, tendo como base o Programa Alemão de Reenfibragem, da Biblioteca Estadual da Baviera, em Munique e a combinação de diferentes técnicas de reconstituição.  Para tanto, foi pesquisado no mercado um papel que tivesse as condições de qualidade e compatibilidade com o original.

O Programa foi criado devido à variedade de cores das capas dos folhetos (azuis, vermelhos, verdes, marrons, bege) e dos diferentes tons de bege do corpo (interior) dos folhetos.

Enxerto de papel om MOPO Programa de Reenfibragem inicial de tons compreendeu 50 amostras, reproduzidas por reenfibragem mecânica, em máquina reintegradora (MOP), quando preciso. O equipamento reintegrou as áreas de perda do suporte, na espessura e tons próximos do original.

As amostras, base do programa, foram produzidas em mesa de sucção, com fibras de papel Fabriano Tiziano, batidas em liqüidificador com água e a solução despejada em molde vazado (cano de PVC, diâmetro de 20cm) apoiado sobre tela de nylon e mata-borrão. O conjunto foi posto sobre a mesa de sucção, resultando em amostra redonda, colorida, que, após secagem, foi numerada. A receita foi escrita para ser repetida sempre que necessário. (fotos abaixo)

Ambiente de trabalho de restauração  Mesa de sucção

Etapas da reconstituição do suporte

Reintegração das áreas de perdas do suporte em tom adequado. Nesta etapa é utilizado um equipamento, a reintegradora de papéis, que executa, por meio de sucção, o preenchimento de todas as áreas de perda de suporte.

O processo consiste em despejar no equipamento, uma solução de polpa e água que, após sucção, se concentra nas áreas onde não há suporte (vazadas), dando dessa forma integridade ao documento. A preocupação do técnico é que essas áreas novas sejam de espessura igual à do original, mas com a tonalidade de cor um ponto abaixo do tom original, para diferenciar as áreas novas da antiga. (fotos abaixo)

Reintegração - etapa 1  Reintegração - etapa 2

Reintegração - etapa 3  Folhas reintegradas

Velatura é um novo suporte em papel, agregado ao original. No caso dos folhetos, foi utilizado o japonês fino (de 6 gramas), na intenção de dar suporte e transparência às capas.

O processo consistiu na colagem do papel japonês no verso da capa reintegrada, utilizando-se uma cola à base de metilcelulose e uma trincha, para dar maior sustentação às capas, que são muito finas, e a determinados folhetos.

Também houve necessidade deste procedimento em algumas folhas do corpo do folheto, que apresentaram uma fragilidade maior, devido à acidez muito acentuada do papel, que, mesmo após o tratamento, ainda se encontrava frágil e quebradiço.

Reintegração cromática é a cobertura com pigmento de cor e tom, próximos do original, em áreas de remendo ou reforço. Ela é feita com lápis-aquarela importado diretamente nas áreas em que é necessária uma homogeneidade entre o antigo e o novo, para compor a estética do documento.  Só quando necessária.          

Planificação é a prensagem do documento; foi feita uma prensagem suave, em prensa, primeiro das folhas, depois do folheto já montado, sempre colocado sobre entretelas, estas separadas por mata borrões, e, por fim, todo o conjunto foi colocado entre tábuas.

Montagem compreende a reorganização das folhas conforme a seqüência do original sobrepondo as folhas, obedecendo a ordem de numeração do original.

Costura é feita em linha de algodão, em substituição aos grampos metálicos; compõe-se de dois pontos de costura.

Capa de folheto de cordel restaurada

10 - Acondicionamento. Os folhetos prontos foram colocados em caixas de conservação em papelão, com forro de papel Ingres, Fabriano, revestimento externo em tela de rayon, alemã.  A identificação bibliográfica foi inserida na lombada e as caixas retornaram para a biblioteca, com o depósito reformado e climatizado. (fotos abaixo)

Acondicionamento dos folhetos prontos em caixas de conservação  Identificação e posicionamento das caixas na biblioteca


Conclusão

Os resultados obtidos através dessas intervenções propiciaram uma série de questões relativas à preservação deste material, em muitos casos considerado “efêmero”, surgindo então a possibilidade de novamente serem vistos, manuseados como originais e o seu conteúdo de informação difundido, podendo ser acessado através da Internet.