BIOGRAFIA

Por Marcelo Soares

José Francisco Soares, ou como ele preferia ser chamado, Zé Soares, nasceu em Alagoa Grande, Paraíba, em 5 de janeiro de 1914, e faleceu em 9 de janeiro de 1981, em Timbaúba, Pernambuco.

Ainda menino, se encantara com os desafios entre violeiros-repentistas, emboladores de côco e com os folhetos de feira que os poetas declamavam. Em 1928, publicou seu primeiro folheto Descrição do Brasil por estados. Fez biscates como agricultor e almocreve e, em 1934, foi para o Rio de Janeiro trabalhar como pedreiro, sem jamais deixar de publicar suas obras.

Voltou ao Recife em 1940, quando montou uma banca de folhetos no oitão do Mercado de São José, onde vendia suas obras e as de outros poetas. Nas décadas de 1940 e 1950, publicou grande parte de seus folhetos na Gráfica Medeiros.

Nos anos 1960, tornou-se proprietário da Gráfica Tricolor, no bairro recifense de Casa Amarela, que manteve por três anos, passando a publicar na Encadernográfica Capibaribe, no bairro do Arruda.

Temas políticos

Entre 1979 e 1980 assumiu, por pouco tempo, a direção da Gráfica da Casa das Crianças de Olinda, onde publicou e editou folhetos de sua autoria e de outros poetas. Seus principais folhetos são A renúncia de Jânio Quadros (60 mil exemplares vendidos); O assassinato do presidente Kennedy (45 mil exemplares), A lamentável morte do deputado Alcides Teixeira (55 mil exemplares); A lamentável morte do cantor Evaldo Braga (65 mil folhetos) e A morte do bispo de Garanhuns, Dom Expedito Lopes, que vendeu mais de 100 mil exemplares só em Pernambuco.

Seus temas recorrentes variam entre o gracejo, o futebol, os folhetos de encomenda, além dos folhetos de época e de acontecimentos políticos e circunstanciais, que o levaram a se autodenominar poeta-repórter.

Indagado, certa vez, sobre quantos folhetos havia escrito até então, respondeu, com o sorriso que o caracterizava: “Trezentos e dez títulos”. E completou: “Duzentos e oitenta publicados. Mas espero poder escrever ainda outro tanto”.

Não pôde. Do que escreveu ficou evidente a sua vocação de comunicador popular. Uma das lembranças que ele nos deixou foi a de, todas as noites, assistir aos noticiários da televisão, tendo sempre lápis e papel pautado à m&atild